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O SAPO SÁBIO E O ARGANAZ*
ABORRECIDO
* pequeno roedor aparentado com os esquilos,
encontrado na Europa, Ásia e
África.
Um sapo e um Arganaz viviam muito perto um do outro, em duas
casas construídas no meio das raízes de uma árvore, próxima de um riacho
barulhento.
Durante a primavera, chovera muito e
foi por pouco que o Sapo e o Arganaz conseguiram escapar para
terras mais altas quando o riacho subiu e inundou suas casas.
Quando a água baixou, o Sapo e o Arganaz voltaram juntos para
verificar o estrago. Eles ficaram chocados ao verem que as
águas da enchente espalharam todos os pertences de seus lares
para todos os lados. Tudo o que eles tinham estava molhado e
coberto de lama.
O Sapo disse para o Arganaz: “Está
ficando escuro e deveríamos descansar. Temos um bocado de
trabalho a fazer amanhã, limpando nossas casas. Vamos procurar
um lugar confortável para dormir perto daqui”. |
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O Arganaz fez sinal com a cabeça concordando
com o Sapo e o seguiu, mas o tempo todo ele torcia as mãos e olhava
para trás para sua casa. “O que eu vou fazer, o que vou fazer? Toda
essa bagunça, toda essa bagunça. Nunca vou conseguir limpá-la!”
O Sapo levou o Arganaz até um lugar gramado
bem confortável, colocou algumas folhas macias sobre si mesmo para
servirem de cobertor e dormiu profundamente, com um olhar tranquilo
no rosto. Ele teve um sono profundo e renovador a noite toda. Mas o
Arganaz nem conseguia ficar sentado. Ele andava de um lado para o
outro, murmurando e choramingando resmungos em voz baixa sobre a
horrível bagunça em sua casa e sobre todo o trabalho que ele teria
no dia seguinte. Ele se preocupou e se aborreceu durante metade da
noite, até cair num sono intermitente.
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O Arganaz acordou tarde no dia seguinte
e percebeu que o Sapo não estava mais na cama improvisada. Ele
levantou-se lentamente, esfregou seus olhos cansados e foi
procurar o amigo. Ele encontrou o Sapo, rápido o suficiente
para vê-lo sentado tranquilamente do lado de fora de sua casa,
sorrindo e curtindo o calor do sol. Quando o Sapo viu o
Arganaz se aproximando, ele disse: “Ah, aí está você, meu
amigo peludo. Enquanto você dormia até tarde, eu limpei e
organizei minha casa.”
O Arganaz ficou surpreso. “Você já
terminou de limpar sua casa? Eu fiquei tão chateado e
preocupado com minha casa que não consegui dormir
nada!” |
O Sapo deu um sorriso bem largo e bateu nas
costas do amigo Arganaz: “Bem, não importa o quanto de sono você
perde por causa de aborrecimentos e preocupações, de manhã seus
problemas continuam sendo os mesmos que você tinha na noite
anterior”.
(Hávamál Estrofe
23)
Tradução e versão:
Janaina O. Luna Kindred Sudris Oðir
Hrafnar São Paulo, Brasil. Contato: mane_maane@yahoo.com
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